A reflexão desse texto é suprapartidária, tem bandeiras ideológicas
na construção do papel do cidadão e da cidadã que, indignados (as) com
essa situação, vem por meio desta nota trazer algumas considerações
contrárias a solicitação da venda do terreno de 20 mil metros do Colégio
Municipal Álvaro Lins pelo poder executivo.
O governo municipal
insiste em dizer que faz uma “gestão democrática”, “gestão
participativa”, que tem “feito diálogos com a sociedade em todos os
seguimentos”. Nos perguntemos: em que? Uma participação que
institucionalizada toma corpo da política de governo e que nem como mera
ilusão é possível adjetivar. Os procedimentos revelam mesmo, mais uma
vez, o quanto não se respeita as instâncias de mecanismos
democratizadores, nem mesmo a que o próprio governo cria para fins de
participação social, imagine dialogar com mecanismos como Conselhos
Municipais de Educação (CME, COMAE e CONFUNDEB); com as representações
dos interesses da Educação da cidade como SISMUC, ATEC e os delegados
eleitos nas plenárias do tão proclamado Orçamento Participativo, ou
sequer fazer uma escuta popular.
Vamos lá.
1 ponto. A
sociedade Caruaruense não aceita esses falsos títulos. A prova real, é
que um problema como esse, os alunos (as) professores (as) pais, mães,
avós, a comunidade escolar e a do entorno da área do colégio não foram
ouvidos, nem muito menos a sociedade em geral, que poderia ter
participado, por exemplo, de uma audiência pública na Câmara ou no
próprio Colégio Municipal, chamada pela gestão do município para
apresentar a referida intenção.
2. ponto. A prefeitura diz em
nota oficial que há 50 anos aquela área não tem serventia nenhuma para o
município “é um terreno baldio”. Pensemos mais essa afirmação indevida.
Fazendo um cálculo lógico dessa situação, em 50 anos o Prefeito Zé
Queiroz tem mais de 30 anos de vida pública. Em 1964 foi secretário de
administração do governo de João Lyra Filho; como político de mandato
foi eleito 4 vezes para Prefeito nos anos de 1983 a 1988, de 1993 a 1996
e de 2009 a 2016. Como Deputado Estadual teve três mandatos de 1978 a
1982, de 1998 a 2002 e de 2003 a 2006, ou seja, se ele alega que aquela
área está “abandonada” há mais de 50 anos, o que dizer do seu olhar
público preocupado com questões educativas e sociais?
3. ponto.
Aquela área tem sim vida útil! Nas práticas esportivas envolvidas na
própria gestão dele entre os períodos de 2009 a 2011, quando foi
realizado os “Jogos Escolares Municipais de Caruaru”, com mais de 6.000
estudantes; sede dos Jogos Escolares de Pernambuco (Fase para Estadual)
utilizando toda área da escola, ou seja, o prefeito desconhece as ações
desenvolvidas em sua própria gestão, e num período tão recente?
4
ponto. O prefeito prometeu em suas diversas campanhas políticas que o
Colégio Municipal Álvaro Lins seria uma referência educacional de
Caruaru. Alguém lembra disso? O que aconteceu com uma proposição como
essa, quando o que temos na cidade é a precarização da criação de
escolas, em formato de anexos, que pesam nas contas públicas do
município pelos valores que acabam sendo pagos e que em condições de
estruturas físicas não respeitam sequer a dignidade humana para que
crianças e jovens tenham espaços educativos de qualidade. Em tendo
escolas de Educação Integral podemos citar que em sua efetiva prática,
do que hoje se configura, os debates sobre esse tipo de educação elas se
encontram fora do que está na roda das pautas de políticas de tempo
livre, e não de confinamentos como são muitos dos espaços escolares
dessa cidade, sem contar com a maneira precária, improvisada e perversa
das escolas do campo.
5 ponto. Imagine vocês com 20 mil metros de
área o que poderíamos fazer como práticas e politicas públicas votadas
para a juventude? Para a cultura? Para as crianças, jovens, adultos e
idosos? Tantas pautas que articuladas a um espaço escolar poderia tecer
uma outra perspectiva de proposta educacional e ainda por cima criando
pautas de organização e um ambiente saudável comunitário e com demanda
pública democrática e não elitista como é o caso da avenida Agamenon
Magalhaes! As ideias seriam muitas, as parcerias e procuras diversas:
aquela área tem uma centralidade significativa para a cidade, sua
memória afetiva e social poderia sanar feridas de demandas reprimidas da
educação da cidade e de sua escolarização; a carência de um centro de
formação de professores e de laboratórios de aprendizagens lúdicas e
significativas, deixando de gastar uma fortuna aos cofres públicos
municipais com a compra de sistemas de informatização e de ensino.
6 ponto. No último ano de gestão do governo do Prefeito Zé Queiroz fica
claro que a gestão não tem planejamento estratégico das suas ações.
Improviso, protelação e fragmentação revela essa “louca ideia” de vender
a área. Sequer foi apresentada na LOA( Leia de Orçamento Anual), e
voltemos a tarefa que revela a ausência de um projeto de Educação que
evidencie a médio e longo prazo o que se efetivamente pensa e deseja
para a educação da cidade. Educação não se resume a ensino e a
conteúdos, e lidar com Financiamento da Educação não é tarefa para
economista e contador, eles podem até compor a parte técnica, mas a
legislação educacional em suas questões específicas de Financiamento da
Educação tem outros direcionamentos, exigências e diretrizes.
7
ponto. Se o poder executivo alega que os mais de 21 milhões que vão ser
arrecadados com a venda do terreno, ficará em uma conta especifica da
prefeitura para a construção e reformas de novas escolas, a exemplo, nos
perguntamos e os recursos que o governo recebe e gera? A justificativa
do pleito destinada a Câmara Municipal de Caruaru cita que será
destinada a Educação e em conta específica, enxerguemos que do ponto de
vista jurídico isso não é tão claro e simples assim, a ponto de se ter a
assertiva de como será gerir e destinar esse montante. Diga-se de
passagem, que, no mínimo, sinaliza para uma condição de fragilidade de
recursos da educação. Uma boa deixa para a sociedade pedir uma audiência
pública das contas da educação e assim entender o que justifica nos
valores recebidos/pensados/propostos e que não são baixos, basta que
olhemos a LOA, o repasse do FUNDEB, entre tantas questões jurídicas e
de financiamento. Uma boa tarefa para a comissão de Legislação e Leis e
da comissão de Finanças da Câmara Municipal de Caruaru.
8 ponto. O
valor da área que está sendo vendida, revela um valor por metro
quadrado que é abaixo do que se avalia para a área em questão, um traço
que nos direciona para mais um elemento de indignação que é o da
especulação imobiliária atual. Especula-se que 1 m² daquela área, hoje, é
comprado por R$ 5.000,00(cinco mil reais), a prefeitura está vendendo
por R$ 1.000,000 (mil reais) o m², ou seja, estão propondo um valor 4
vezes menor que o valor de mercado. Um prejuízo de mais de 80 milhões. E
como pode então a justificativa evocar a importância de valores para
investir nas demandas da educação, significa que nossa educação pode ser
nivelada por baixo? Sem contar que é nesse mote que se deseja investir
na educação da cidade suprimindo espaços escolares e educativos as áreas
privadas, confundindo equipamentos importantes para a vida orgânica de
espaços públicos educativos com grandes e possíveis residenciais?
9 ponto. Porque esses projetos polêmicos acontecem sempre nos meses de
janeiro? A cidade já assistiu esse filme triste de votação
extraordinária na aprovação polêmica do PCC(Programa de Cargos e
Carreiras) dos professores (as), que até hoje se arrasta deixando visto
pela sociedade a desvalorização e precarização dos direitos adquiridos
fazem parte dos quadros de trabalhadores (as)da educação do nosso
município.
10 ponto. A prefeitura vive anunciando que fez a
maior política de Educação em Tempo Integral de Caruaru? Pois bem, o
Colégio Municipal sempre foi referência educacional, e nunca foi modelo
nessa gestão, aliás sofre de praticamente todas as precarizações da
lógica e modelo de ausência de projeto intencional, e político
pedagógico. O colégio Municipal é a única escola municipal a ter um
campo de futebol para práticas esportivas e é justamente essa a área que
a prefeitura deseja vender? Uma contradição, pois a tocha olímpica vai
passar por Caruaru nesses próximos dias. Para se vender uma área
pública, primeiro é preciso fazer uma avaliação decente, apresentar um
projeto que justifique essa pratica, promover um processo licitatório, o
que não podemos considerar como o que chega pronto e que no seu
interior tem sérias questões de compreensão e transparência no que diz
respeito a escuta e participação de uma comissão caracterizada por
instâncias de participação popular.
11. Ponto. Este modelo impositivo e açodado vem se reverberando em ineficiência administrativa, pois Caruaru não conseguiu adiantar-se em modelo de mobilidade como o BRT, não consegue executar sequer uma licitação de linhas de ônibus, pois o governo exclui a autarquia de trânsito na própria licitação; a mudança da feira da Sulanca, outro ato que não ocorreu, dado este modelo de política obscura; ignorando as orientações do TCE e que implica em termos um modelo a ser refeito pelo próximo gestor. Os vultosos sem apoio popular e não afeito a legalidade, infelizmente são fadados ao fracasso. Esta é a atual situação da política de gestão pública de Caruaru.
12. ponto. Mesmo com a retirada do projeto de venda de parte da área do Colégio Municipal Álvaro Lins da pauta da reunião extraordinária da Câmara de Vereadores, pelo Ilmo. Sr. Prefeito de Caruaru, implica mesmo a força do movimento que nasceu da capacidade da população da cidade e de alguns legisladores estarem atentos a certas investidas do poder público local. Mesmo assim, não podemos deixar de salientar que todo o corrido, vem cada vez mais demonstrar o improviso, a falta de planejamento, e por que não dizer, falta de comprometimento com os munícipes por parte da gestão que ora detém o primeiro malhete do nosso município. Por outro lado, não podemos deixar de reconhecer e exaltar a participação da sociedade através das redes sociais, da impressa falada, escrita e televisada, mostrando que nenhum político gestor ou não, se colocará acima do povo ou mesmo dos interesses deste a partir do momento que nos fortalecemos de maneira ativa e organizada, e quando o povo quer, é assim, ele muda, ele exalta ou reprime, ele manda e os seus representantes precisam cumprir com a obrigação e o dever de corresponder a grita popular para a qual foi eleito e a quem representa efetivamente.
Assina essa nota: professores e professoras da rede pública municipal, estadual e federal; professores de instituições de Ensino Superior particular; cientistas e analíticas políticos; ex-alunos e ex-alunas do Colégio Municipal, funcionárias dos serviços Públicos, Profissionais da área jurídica e da engenharia química, Jornalistas, ativistas, profissionais liberais, diretoria do Conselho Municipal de Educação (CME);
Presidência do SISMUC; Presidente do CONFUNDEB; Presidente do COMAE; líderes religiosos; ambientalistas; alguns integrantes dos movimentos sociais como MPRU, MTST; alguns representantes dos partidos políticos como REDE, PSOL, PSB, PMN, PHS, PPL, DEM, PSDB.
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